TrabalhaDores

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Trabalha_Dores: para que as histórias não sejam passageiras é um projeto de pesquisa da Zózima Trupe contemplado pela 38ª edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo.

Durante 14 meses, entre 2022 e 2023, a Trupe retomou sua residência artística no Terminal Parque Dom Pedro II, em um processo de pesquisa do ouvir. A mobilização inicial da pesquisa é a lida com a pandemia, as ausências geradas por partidas e o luto dos que ficam. Diante da realidade terrível da Covid-19, nos perguntamos:


O que podemos nós, um grupo de teatro que pesquisa o ônibus como espaço cênico fazer diante de uma pandemia, se não perceber que o ônibus nunca parou?
O que podemos nós, um coletivo de artistas periféricos que percebe seus vizinhos e iguais em meio a tanto sofrimento se não vivenciarmos juntos processos de luto e de esperança? 
O que podemos nós, artistas, trabalhadores da cultura, oferecer àqueles tantos outros trabalhadores da cidade de São Paulo se não seguirmos irmanados?


Podemos ouvir. Estar ao lado dos trabalhadores. Trabalhar as suas - e nossas - dores.


O ônibus nunca parou. Pois então que o nosso também esteja em movimento. Para que a nossa história também não seja passageira. Para que o ônibus possa ser pouso e vôo de muito mais do que minutos, horas e vidas perdidas. O nosso ônibus está cheio de rostos. Cheio de vidas. Cheio de histórias. Nós nunca paramos.


Ao longo dos dezesseis anos de trajetória da Zózima, compreendemos que o ônibus, um símbolo do popular, do coletivo, é campo fértil de semeaduras que ressignificam as vidas que diariamente são massacradas por esse veículo. Transformar esse espaço em arte, em encontro, é plantar uma semente poderosa que fica na memória. É subverter a lógica desse tempo e preencher de poesia os muitos minutos perdidos em trânsito.


Em Trabalha_Dores, mais do que os minutos, desejamos preencher de afeto outras tantas perdas de nossos tempos. Construir rituais, compartilhar procedimentos, pesquisar formas de elaborar o luto, ouvir, contar e cantar histórias. É no convívio e no encontro que podemos todes nos lembrar da poesia da vida que resiste por trás da fuligem e do asfalto. Da poesia da vida que insiste em seguir, mesmo diante da doença e até mesmo da morte.

Com todas suas ações gratuitas e realizadas em nosso veículo, o OMNIBUS - Para Todes, estacionado na Plataforma Zero do Terminal Parque Dom Pedro II, Trabalha_Dores: para que as histórias não sejam passageiras contou com Conversações Públicas sobre morte, luto, memória e escuta; Mostra de Teatro no Ônibus, com apresentações de obras que dialogam com o escopo do projeto; Carpintarias realizadas pela Trupe sob a condução de profissionais e artistas convidades; proposição de vivências/apresentações chamadas de Territórios (ecopoético, narrativo, dramatúrgico, terapêutico, sonoro, audiovisual); a criação de um videodocumentário e a publicação da Revista Fagulhas III, ambos sobre o processo.