A Cobradora
O espetáculo nasce da relação que criamos com as cobradoras que trabalham no Terminal Parque Dom Pedro II. A pesquisa iniciou-se em 2016. A partir dos relatos do cotidiano, das vidas dessas mulheres, vislumbramos a possibilidade de criar A Cobradora.
Cada encontro era um mundo de histórias: de amor, amizade, luta, tristeza, solidão, revolta; todas sobre mulheres. Essa aproximação nos colocou em um lugar de troca, uma reflexão da ação do cotidiano a partir da arte, uma percepção da potência dessa mulher em relação com o coletivo, com a cidade, com o indivíduo, com o micro e o macro cosmo da nossa sociedade, esse que se apresenta dentro de um ônibus em movimento pela cidade.
No ônibus encontramos mulheres de todas as idades, nos deparamos com a multiplicidade da fala e de corpos. A construção da dramaturgia com base em história oral é uma escolha feita pelo grupo em 2011: uma busca pelo encontro, uma forma de valorar a história, a fala do outro. Entrevistamos várias mulheres, com essa materialidade em mãos e com desejo poético-político nos deslocamos para o agora, para o presente; pensar a figura da cobradora dentro do ônibus, no palco e na rua é uma forma de criar um diálogo com cada mulher entrevistada, valorizar as particularidades das suas narrativas.
Cada experimento realizado em espaço novo teve uma ligação direta com a história de uma mulher, que de alguma forma representava todas as outras, pois em suas histórias continham pontos de intersecção. É uma pesquisa sobre a mulher, o tempo e o espaço: suas vidas e suas mortes.
Passamos por diferentes espaços no desenvolvimento de nossos estudos e experimentos: na Mostra de Teatro no Ônibus (agosto/2017) apresentamos um fragmento; em uma sala da Casa de Cultura de São Mateus (dezembro/2017); no palco, como abertura de processo no Sesc São Caetano do Sul (agosto/2018); e até mesmo na rua, na praça da Liberdade, pelo Sesc Carmo, dentro da programação Zózima Visita (novembro/2018).
A temporada de estreia do espetáculo finalizado ocorreu no Sesc Vila Mariana (setembro e outubro/2019). A Cobradora é o primeiro espetáculo da Zózima Trupe a ser apresentado em palco italiano.
Críticas
“As histórias que se desdobram lidam, entre humor e densidade, com as forças e as dores do feminino. A encenação mantém essa categoria como algo amplo, trabalhando com uma iconografia judaico-cristã ocidental na maior parte do tempo. Atenta ao risco de incorrer em impressões genéricas, potencializa-se nas narrativas das cobradoras paulistanas e suas formas de lidar com violências que lhe afligem. Sabendo que não há catarse alguma que resolva, A Cobradora evoca todas as mulheres para que elas permaneçam vivas, senhoras de si — em seus ofícios, em seus amores.” (amilton de azevedo - ruína acesa);
Ficha técnica
atriz criadora_ Maria Alencar
encenação_ Anderson Maurício
dramaturgia_ Cláudia Barral
vídeo mapping_ Leonardo Souzza e Otávio Rodrigues
preparação corporal e movimento_ Natalia Yukie
preparação vocal_ Marilene Grama
trilha sonora original_ Rodrigo Florentino
iluminação_ Tomate Saraiva e Otávio Rodrigues
cenografia_ Anderson Maurício e Nathalia Campos
adereços cenográficos_ Nathalia Campos
construtor cênico_ Alício Silva
figurino_ Tatiana Nunes
conteúdo de vídeo_ Leonardo Souzza
orientação de vídeo mapping_ Ana Beraldo e Ihon Yadoya
produção geral_ Tatiane Lustoza
assistentes de produção_ Amanda Azevedo e Jonathan Araújo