[Os minutos que se vão com o tempo]

Os minutos que se vão com o tempo

[Divisor]

Espetáculo desenvolvido dentro do projeto "Os minutos que se vão com o tempo: da imobilidade urbana ao direito à poesia, à cidade e à vida", contemplado pela 24ª edição do Fomento ao Teatro.

Com encenação de Anderson Maurício e dramaturgia em processo colaborativo de Cláudia Barral, a criação parte de três eixos de inspirações: os relatos de vida de passageiros do transporte público; a Odisseia de Homero, que conta a longa travessia de Ulisses em seu retorno para casa; e a experiência na caminhada dos próprios artistas pesquisadores que percorreram o percurso da linha 4313/10 (Terminal Parque Dom Pedro II via Terminal Cidade Tiradentes), em 12 horas, das 7h às 19h, da aurora ao anoitecer, em aproximadamente 33 km de caminhada a pé.

Artistas em busca de experimentar no corpo a viagem, o tempo, a cidade. No período de criação, o grupo aportou em terras de saberes e encontros prósperos, que fortaleceu sua jornada e auxiliou a leitura dos diversos mapas que uma mesma cidade pode ter, com esses encontros foram recebidas e confeccionadas ferramentas para interpretar e construir caminhos e mergulhos na malha urbana. A Trupe recebeu assessoria do Núcleo de Estudos em História Oral (NEHO) da Universidade de São Paulo (USP). Contou também com assessoria do diretor musical Luiz Gayotto e da pesquisadora Andrea Cavinato (doutora pela USP). Realizou debates com Andrea Paula dos Santos, APE – Estudos em Mobilidade, Eduardo Okamoto, Gilberto Figueiredo Martins, Marcos Ferreira Santos, Raquel Rolnik, Rodrigo Leite Morais e Ruy Braga.

As apresentações do espetáculo eram realizadas em ônibus de linhas regulares do transporte coletivo. Partindo do Terminal Parque Dom Pedro II, apresentou-se (março, abril e agosto/2016) nas linhas 4313-10 - Terminal Cidade Tiradentes, 3141-10 - Terminal São Mateus, 5111-10 - Terminal Santo Amaro, 3301-10 - Terminal São Miguel, 6403-10 - Terminal João Dias, entre outras. Dentro do projeto Semear pela arte do encontro sem fronteiras, contemplada pelo 5° edição do Prêmio Zé Renato, apresentou o espetáculo partindo do Terminal Cidade Tiradentes, com embarque nas linhas 407N-10 - Penha e 407P-10 -  Metrô Tatuapé (novembro e dezembro/2017). Realizou apresentações no Sesc Belenzinho na linha 407F-10 - Metrô Belém - Terminal São Mateus (fevereiro/2019) e participou dos seguintes festivais: FIT Rio Preto 50 anos (junho/2019), com apresentação nas linhas 416 - Vida Nova Fraternidade e 202 - Nato Vetorazzo, em São José do Rio Preto; Festival de Inverno de Jahu na linha Jahu/Potunduva (julho/2019); e Fentepp, nas linhas Ana Jacinta e Domingos Neto (novembro/2019).

Críticas

“Com Os minutos que se vão com o tempo, o grupo radicaliza sua proposta realizando a peça em transporte público de linhas que trafegam do Terminal Dom Pedro II até cinco diferentes terminais (dependendo do dia da apresentação) com passageiros normais que entram, permanecem ou saem, além dos espectadores que vieram para assistir ao espetáculo. (...) Há um DVD de Chico Buarque que se refere ao Brasil como 'o país da delicadeza perdida', mas podemos afirmar que ainda se pode encontrar delicadeza dentro de um ônibus que caminha lotado pelas ruas de São Paulo em direção ao Terminal Santo Amaro e que todos aqueles que ali estiveram (espectadores / passageiros) saíram da experiência com a alma alimentada.” (José Cetra - Palco Paulistano);

“A luz fria e branca do ônibus mantém os passageiros despertos. (...) Mas, a poesia da Zózima resiste e faz com que a gente se esqueça da frieza daquela luz. E olhe nos olhos dos artistas. Que nos dão cartas escritas à mão. E aí todos sonhamos outra vez. ” (Miguel Arcanjo Prado - Blog do Arcanjo);

“O que é instigante perceber com os elementos cênicos, com a forma do espetáculo, como a Trupe consegue potencializar o estado estético e, com isso, suscitar uma espécie de interrupção na linearidade do trajeto. Conseguem tornar o meio potente. Quase como na expressão de Guimarães Rosa que o importante não está nem no começo, nem no fim, mas no meio. E esse meio criado, experimentado, cria paisagens outras. Durante o percurso somos testemunhas desse grito poético.” (Judson Cabral).

 

Ficha técnica

Encenação: Anderson Maurício

Dramaturgia: Cláudia Barral (em processo colaborativo com a Zózima Trupe)

Direção Musical: Luiz Gayotto

Elenco: Anderson Maurício, Cleide Amorim, Junior Docini, Maria de Alencar, Priscila Reis,

Tatiana Nunes Muniz e Tatiane Lustoza